No interior do Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia, Minas Gerais, uma operação minuciosa chamada “Decretados” revelou a extensão do controle exercido pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC) sobre suas operações dentro e fora das paredes prisionais. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) desvendou uma complexa rede de atividades criminosas que incluem a venda de drogas, o aluguel de quadras de futebol, e até a gestão de apostas esportivas e jogos de azar dentro do presídio.
Estruturas Organizacionais e Controle
As investigações conduzidas pelo Gaeco ilustraram como os prisioneiros ligados ao PCC não apenas se envolvem em atividades ilegais típicas de ambientes carcerários, como também operam com um nível de organização que desafia a própria estrutura de gestão prisional. Documentos apreendidos durante incursões nas celas do que foi denominado “Pavilhão do PCC” mostram que a facção mantém registros detalhados de seus membros, incluindo informações pessoais, funções dentro da organização, histórico de prisões, dívidas e até punições internas.
Esses registros não são simplesmente uma lista de nomes; eles representam a burocracia de uma entidade que opera com a eficiência e a disciplina de uma corporação. Os membros são divididos em grupos específicos encarregados de diversas áreas como esportes, tabacaria, finanças e comunicações. Essa estrutura permite ao PCC controlar rigorosamente as atividades dentro do presídio, estendendo seu alcance até para fora, onde membros não encarcerados seguem ordens para executar crimes e movimentar recursos financeiros.
Operação Decretados e as Revelações Chocantes
A operação “Decretados” veio à tona após a descoberta de que um scanner corporal estava danificado, facilitando a entrada de drogas e celulares no presídio. Esta brecha na segurança levou à apreensão de uma quantidade significativa de drogas e dispositivos de comunicação que eram usados para coordenar atividades dentro e fora do presídio. Durante a operação, foram executados 116 mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão, reforçando o combate à expansão das atividades criminosas do PCC.
O promotor do Gaeco, Thiago Ferraz, destacou a sofisticação e a audácia das operações do PCC, que utilizavam drogas como uma moeda de troca dentro do presídio para facilitar e expandir suas atividades ilícitas. A operação revelou não apenas a extensão da influência do PCC, mas também a vulnerabilidade dos sistemas prisionais diante de organizações criminosas bem estruturadas.
Conclusão: A Luta Continua
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) enfatizou que o período sem o scanner corporal foi breve e que a segurança do presídio não foi comprometida de maneira significativa. Além disso, o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) assegura que revistas rigorosas são realizadas regularmente para impedir a entrada e permanência de materiais ilícitos.
O caso do Presídio Professor Jacy de Assis é um lembrete sombrio da capacidade das organizações criminosas de adaptar-se e operar dentro das instituições designadas para reabilitá-las. As descobertas da operação “Decretados” não apenas jogam luz sobre a complexidade do crime organizado no Brasil, mas também sobre a necessidade contínua de vigilância, inovação na segurança prisional e cooperação entre diferentes agências de segurança para combater eficazmente essas redes criminosas.
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