A proposta de redução da jornada de trabalho, que visa acabar com a escala 6×1 nas farmácias, gerou um burburinho no setor e pegou muitos empresários de surpresa. Sérgio Mena, CEO da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), expressou sua preocupação sobre o impacto dessa mudança, acionada pela proposta da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), destacando que o tema não estava nos radares do setor.
Com cerca de 32 mil farmácias operando no Brasil, das quais 11 mil são representadas pela Abrafarma, o setor é crucial para o atendimento diário de aproximadamente 1,1 bilhão de clientes. Mena argumenta que a mudança afeta diretamente a mão de obra intensiva necessária para o funcionamento das farmácias.
Proposta de Redução da Jornada de Trabalho
A proposta da deputada Hilton visa a alteração da carga de trabalho semanal de 44 horas para 36 horas, o que, segundo Mena, pode inviabilizar muitos negócios. Ele considera que a medida tem um caráter “populista”, pois ignora a realidade do fluxo de trabalho no varejo farmacêutico. A intensificação do uso de mão de obra em um setor que opera com margens líquidas muito baixas (cerca de 3% a 5%) torna a proposta uma grande preocupação para os empresários.
“A conta não fecha para o varejo. Aumentar o tempo de espera para atendimento e limitar a disponibilidade das farmácias só prejudicará ainda mais o consumidor, que já enfrenta filas”, critica Mena. Ele propõe que haja um fórum adequado para discutir o tema, envolvendo todas as partes interessadas – desde empresários até representantes dos trabalhadores.
Desafios Práticos no Dia a Dia das Farmácias
Mena também mencionou que, com a nova carga horária, seria difícil manter o número necessário de profissionais nas farmácias, dado a atual escassez de farmacêuticos no país. Com a área precisando de atendimento contínuo e especializado, qualquer diminuição na carga horária significaria uma escassez de pessoal, o que poderia resultar em serviços reduzidos e insatisfação dos consumidores.
Cerca de 54% das farmácias legais registram um faturamento de apenas R$ 600 mil por ano, enquanto as maiores da Abrafarma alcançam uma média de R$ 9 milhões. O impacto dessa redução seria sentido de forma mais intensa nas pequenas farmácias, que são mais vulneráveis a alterações operacionais drásticas.
Expectativas e Futuro da Negociação
Com o crescente apoio do público, que já gerou mais de 2 milhões de assinaturas em favor da proposta, o debate sobre a jornada de trabalho promete ser acirrado. Embora reconheça a necessidade de mudanças no setor, Mena alerta que a forma como a proposta está sendo avançada pode não contemplar as realidades operacionais necessárias.
“Trabalhar menos tem suas vantagens, mas precisamos encontrar um equilíbrio que não comprometa o atendimento ao público e a viabilidade dos negócios”, conclui Mena. Ele espera que o Congresso considere os impactos econômicos desta proposta e abra espaço para um debate amplo e inclusivo, que leve em conta as diversas dimensões do setor de varejo.
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