A queda de Bashar al-Assad, após anos de guerra civil na Síria, marca o início de um capítulo incerto no país. Com Damasco sob controle do grupo Tahrir al-Sham (HTS), classificado como terrorista por muitos países, o futuro da nação depende de um frágil governo de transição liderado pelo engenheiro Mohammed Bashir.
Um Governo de Transição Sob Pressão
O HTS anunciou que o governo provisório terá duração até 1º de março de 2025. Em um esforço para conquistar legitimidade internacional, Bashir declarou à imprensa que a prioridade é reconstruir a economia e reintegrar os refugiados sírios. Ele prometeu que não haverá perseguição aos opositores e que a transição evitará o surgimento de uma nova guerra civil.
Essas promessas, no entanto, despertam ceticismo. A experiência do Afeganistão, onde o Talibã também prometeu moderação e acabou retomando práticas extremistas, serve como um alerta para os analistas internacionais. A viabilidade de um HTS moderado dependerá de pressões externas e de um equilíbrio interno, algo ainda distante no cenário atual.
O Papel das Potências Regionais
A saída de Assad enfraquece a influência do Irã, cuja aliança com o ditador e a minoria alauíta (15% da população síria) foi crucial durante o conflito. O HTS, majoritariamente sunita, sinaliza um realinhamento do poder que reduz drasticamente as chances de retorno ao domínio alauíta.
A Rússia, por outro lado, tenta manter seu papel estratégico na região, negociando com o HTS para preservar suas bases militares em Latakia e Tartus. Essa relação pragmática demonstra a prioridade de Moscou em proteger seus interesses geopolíticos, mesmo com o colapso de seu antigo aliado.
O Risco de Uma Nova Guerra
Embora o HTS tenha prometido estabilidade, os curdos no norte da Síria representam um desafio significativo. Com forte apoio militar dos Estados Unidos e controle de áreas ricas em recursos, os curdos têm ambições de autonomia que colidem diretamente com os interesses do novo governo.
Um conflito com os curdos, somado à pressão de facções internas e a instabilidade econômica, pode rapidamente mergulhar a Síria em outro ciclo de violência.
O pós-Assad na Síria é um período de transição marcado por promessas frágeis e riscos de novos conflitos. A liderança do HTS será testada pela necessidade de reconciliação interna e de reconstrução econômica, enquanto enfrenta a desconfiança internacional e os desafios impostos por grupos como os curdos.
Sem um consenso interno e com o envolvimento estratégico de potências como Rússia e Estados Unidos, o caminho para a paz duradoura na Síria ainda parece distante. O país, que já enfrentou anos de devastação, permanece em uma encruzilhada crítica.
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