Lançada pelo Globoplay, a série documental “Vale o Escrito” mergulha fundo nas intrincadas redes do jogo do bicho no Rio de Janeiro, uma prática que, apesar de sua ilegalidade, tem raízes profundas na cultura e história local. A série, que recentemente teve sua segunda temporada confirmada para 2025, apresenta uma narrativa envolvente que conseguiu a proeza de trazer para a frente das câmeras figuras notórias deste submundo, bem como seus familiares e associados.
Mônica de Almeida, diretora de gênero e auditório da TV Globo, enalteceu o trabalho meticuloso da equipe de documentaristas, que estabeleceu uma relação de confiança com as fontes, essencial para acessar as riquezas desse universo fechado. O resultado? Figuras até então reclusas expressaram satisfação em compartilhar suas perspectivas e histórias pessoais. Entre eles, destaca-se Bernardo Bello, um dos mais influentes bicheiros do país, que assumiu os negócios da família Garcia após o trágico assassinato de seu ex-sogro, Waldermir Paes Garcia, conhecido como Maninho. A série não explora apenas as conexões familiares e as rivalidades dentro do jogo do bicho, mas também revela ambições pessoais de figuras como Shanna Garcia, que expressou o desejo de aumentar sua presença nas redes sociais.
Uma Visão Crítica sobre a Glamourização do Jogo do Bicho
Enquanto “Vale o Escrito” oferece um olhar íntimo sobre a vida dos envolvidos no jogo do bicho, é fundamental questionar a responsabilidade ética dos criadores de conteúdo ao abordar figuras e atividades ilegais. A série, ao trazer esses contraventores para o destaque, corre o risco de glamourizar indivíduos que, no fim das contas, estão à margem da lei. Esta prática gera uma percepção distorcida, onde os criminosos são vistos como celebridades ou anti-heróis, algo que pode trazer melhorias para a sociedade, especialmente os mais jovens.
Além disso, é imperativo destacar a importância de um jornalismo responsável que, ao invés de apenas relatar, também questione e crítica. O jogo do bicho, embora enraizado culturalmente, é uma atividade ilegal que alimenta outras formas de criminalidade, incluindo corrupção e violência. Por isso, ao assistir a documentários como “Vale o Escrito”, o público deve manter um olhar crítico e compreender as implicações mais amplas dessas atividades.
Em suma, embora a série do Globoplay tenha conseguido uma façanha técnica e narrativa ao desenvolver o mundo do jogo do bicho através de seus próprios protagonistas, é essencial ponderar sobre o impacto de tais narrativas. Celebrar a abertura desses indivíduos em compartilhar suas histórias é uma coisa, mas glorificar suas ações é algo totalmente diferente. À medida que aguardamos a próxima temporada, resta a esperança de que “Vale o Escrito” continue a oferecer um retrato equilibrado, que não apenas intriga, mas também eduque e instigue à reflexão sobre as complexidades da lei, ordem e moralidade em nossa sociedade.
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