A Nova Perspectiva de um Ator
O ator Silvero Pereira, famoso por suas atuações marcantes, mergulha em um novo desafio como Francisco de Assis Pereira no longa-metragem ‘Maníaco do Parque’, que estreia hoje, 18 de outubro, na plataforma Prime Video. A obra, baseada na história real de um dos criminosos mais notórios do Brasil, traz à tona temas controversos que vão além da mera narrativa de horror, desafiando estigmas e abordando questões sociais relevantes.
Francisco de Assis Pereira foi condenado em 1998 a mais de 200 anos de prisão por assassinar oito mulheres e agredir outras nove. Em entrevista ao portal Terra, Silvero expressou seu entusiasmo pelo convite do produtor Marcelo Braga, que revolucionou sua trajetória profissional, permitindo-lhe explorar um papel que fugia das características pré-definidas que costumava receber. “Esse convite tirou minha imagem do que o mercado já tinha começado a construir sobre mim”, afirmou o ator, ressaltando que, como um homem do interior do Ceará e parte da comunidade LGBTQIA+, os papéis que se apresentavam a ele eram limitados.
“Ao receber o convite, pensei: ‘Qual será o recorte LGBTQIA+ da época para me chamarem?’ E então Marcelo disse: ‘Nós queremos que você seja o Maníaco’”, relembra Silvero, destacando a importância de ter a chance de interpretar um protagonista complexo, que transcende suas raízes regionais e identitárias.
Uma Abordagem Crítica da Violência
Além do preparo meticuloso que levou dois meses de dedicação e pesquisa, Silvero salienta que a película explora brechas deixadas pela triste realidade do caso. O filme não apenas retrata a figura do criminoso, mas constrói um retrato mais amplo da sociedade, abordando o machismo que permeia a cultura brasileira. Essa perspectiva é reforçada pela personagem de Giovanna Grigio, que interpreta uma jovem jornalista determinada a desvendar a história de Francisco. “A história inteira trata sobre machismo. Assim como o Silvero, foi uma oportunidade única para sair da zona de conforto e dar voz a personagens que representam a luta das mulheres”, afirmou Giovanna.
Ela enfatiza como a insegurança que muitas mulheres sentem diariamente pode se refletir em histórias como a do ‘Maníaco do Parque’. “Não somos respeitadas nem ouvidas. Poderia ter sido eu”, enfatiza a atriz, apontando para o retrato sombrio de uma sociedade que frequentemente silencia as vozes femininas.
Silvero Pereira, por sua vez, destaca a necessidade de compreender Francisco além da figura do criminoso, propondo que sua construção como personagem envolva uma análise das várias camadas de sua vida. “Construir as três camadas do Francisco – o filho, o patinador e o maníaco – mostra como ele seduzia suas vítimas. Não pretendemos romantizá-lo, mas entender que qualquer uma poderia cair naquele papo”, alerta.
O ator também discute como, embora a narrativa se concentre na violência extrema, a violência verbal e comportamental que emana de um ambiente de trabalho tóxico não deve ser minimizada. “Esse filme espelha uma sociedade machista, patriarcal, onde certos indivíduos se desvirtuam e chegam a situações extremas”, conclui Silvero, realçando a posição crítica que a obra assume em relação à cultura da violência.
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