Três décadas após o Plano Real transformar a economia brasileira, a Argentina está traçando um caminho semelhante em busca de estabilidade monetária. Javier Milei, presidente argentino, lançou a segunda fase de seu ambicioso plano econômico, anunciando uma política de “emissão zero” para o peso argentino, com o objetivo de combater a hiperinflação que assola o país.
No Brasil, há 30 anos, o Plano Real foi introduzido para acabar com a hiperinflação, substituindo o cruzeiro real pelo real. Hoje, a Argentina enfrenta uma situação econômica desafiadora, e Milei está determinado a implementar medidas que possam trazer alívio à economia do país.
A Nova Fase do Plano Econômico de Milei
Em uma entrevista recente, Javier Milei revelou detalhes sobre a segunda fase de seu plano monetário, conhecido como “emissão zero”. Após consolidar a situação fiscal do país, Milei está pronto para introduzir um novo regime monetário. “Nosso objetivo é garantir que a base monetária ampla não varie mais”, declarou Milei, destacando a importância de manter a estabilidade monetária.
A base monetária ampla inclui tanto a base monetária tradicional quanto os passivos remunerados. Historicamente, essa base na Argentina era de aproximadamente 9% a 10% do PIB no início do século XXI. Hoje, a base monetária simples está alarmantemente baixa, em 2,8% do PIB, um nível que Milei considera indicativo de uma pré-hiperinflação. Com os passivos remunerados incluídos, este valor aumenta para cerca de 6% a 7% do PIB.
A estratégia de Milei visa manter a base monetária ampla constante, ajustando a composição entre a base monetária tradicional e os passivos remunerados. Com a queda na taxa de inflação e na taxa de juros nominal, a demanda por dinheiro físico aumenta. Consequentemente, os bancos recorrem ao banco central para resgatar os passivos remunerados, resultando em um aumento da base monetária tradicional.
Esse processo continuará até que a base monetária tradicional se iguale à base monetária ampla, eliminando todos os passivos remunerados. Milei descreve essa transição como “virtuosa”, destinada a estabilizar a economia sem aumentar a oferta monetária total, combatendo a inflação de maneira sustentável.
Desafios e Críticas ao Plano
A abordagem de Milei não é isenta de críticas. Muitos analistas econômicos questionam a eficácia e a viabilidade da política de “emissão zero”. Milei, no entanto, atribui essas críticas a uma combinação de ignorância e má-fé, alegando que mesmo analistas com formação avançada frequentemente interpretam mal as nuances de sua estratégia.
Além disso, Milei criticou duramente aqueles que defendem uma taxa de inflação maior, argumentando que tais previsões têm se mostrado consistentemente erradas. Atualmente, a Argentina enfrenta uma taxa de desvalorização de 2% ao mês, e Milei está focado em reduzir essa taxa por meio de políticas econômicas rigorosas.
O sucesso do Plano Real no Brasil serve como um lembrete do impacto positivo que políticas econômicas bem planejadas podem ter em uma economia em crise. No entanto, cada país tem suas peculiaridades e desafios únicos. A implementação da “emissão zero” na Argentina será um teste crucial para a liderança de Milei e para a capacidade do país de superar sua prolongada crise econômica.
Se bem-sucedido, o plano de Milei pode oferecer um modelo para outras nações enfrentando desafios semelhantes, demonstrando que é possível estabilizar uma economia sem recorrer a medidas inflacionárias que corroem o poder de compra da população. No entanto, o caminho à frente está repleto de incertezas, e somente o tempo dirá se a Argentina conseguirá emergir vitoriosa dessa crise com as políticas propostas por Milei.
Quer saber tudo
o que está acontecendo?
Receba todas as notícias do Portal de Notícias no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.
Deixe o Seu Comentário