O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE), anunciado oficialmente em Montevidéu, Uruguai, é um marco histórico que encerra 25 anos de negociações. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou o tratado como uma “vitória para a Europa”. Entretanto, a reção à notícia reflete um cenário polarizado, tanto no bloco europeu quanto no Mercosul, com destaque para a feroz oposição liderada pela França.
Oposição Francesa e os Obstáculos Políticos
A ministra do Comércio Exterior da França, Sophie Primas, reafirmou que o país resistirá ao acordo “em cada passo do caminho”. A preocupação central dos franceses é que os produtos agrícolas do Mercosul, produzidos com custos mais baixos, prejudiquem a competitividade dos agricultores europeus. Em manifestações recentes, produtores franceses destacaram que os requisitos ambientais e sociais na América do Sul são menos rigorosos do que na Europa, criando condições de competição desigual.
Esse discurso ressoa em outros países da UE. Polônia, Itália, Áustria e Holanda também expressaram preocupações, indicando que o caminho para a ratificação do acordo será repleto de desafios políticos. Segundo as regras da UE, é necessário que pelo menos 55% dos países, representando 65% da população do bloco, aprovem o tratado. Com uma possível união liderada pela França, esse percentual pode ser difícil de atingir.
A ministra Primas destacou que, até o momento, o acordo possui apenas uma conclusão política e que as etapas seguintes incluem revisões legais, traduções e a aprovação interna de cada Estado-membro. Essa realidade abre espaço para que as pressões contrárias se intensifiquem, colocando em xeque a implementação do acordo.
Benefícios e Riscos para o Mercosul
Do lado do Mercosul, o acordo promete avanços significativos em livre-comércio, cooperação política e abertura de mercados. As tarifas de importação e exportação entre os dois blocos serão reduzidas ou zeradas, beneficiando setores como agricultura, indústria química e automobilística. Entretanto, os riscos também são consideráveis.
Especialistas apontam que a indústria sul-americana pode enfrentar desafios com a concorrência europeia em setores altamente competitivos. Além disso, as críticas aos impactos ambientais e sociais também ressoam no bloco. Grupos ambientalistas alertam para o aumento da pressão sobre as florestas tropicais e a intensificação do desmatamento no Brasil e em outros países.
Enquanto isso, no Brasil, o governo celebra o acordo como uma oportunidade de fortalecer a presença do país no mercado internacional. O Ministro da Agricultura classificou o tratado como uma vitória, argumentando que os produtores brasileiros se beneficiarão do acesso facilitado a um mercado com 700 milhões de consumidores.
Um Caminho Incerto
Embora anunciado como um acordo histórico, sua implementação está longe de ser garantida. A divisão política na União Europeia e as pressões sociais e ambientais em ambos os blocos sugerem que o tratado pode se tornar mais um campo de batalha do que um marco de cooperação.
Com etapas complexas como revisão legal, tradução para várias línguas e aprovações internas, o futuro do acordo depende de equilíbrio político e estratégico. O desfecho será decisivo não apenas para as relações comerciais, mas também para o papel da sustentabilidade e da justiça econômica no cenário global.
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