A publicação de um artigo de Elon Musk no jornal alemão Die Welt, defendendo o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), gerou intensas repercussões políticas e jornalísticas. O texto, que minimiza a classificação de extrema-direita da legenda, provocou a demissão da editora de opinião Eva Marie Kogel, além de dividir o conselho editorial e atrair críticas contundentes de outras mídias e figuras públicas.
Polêmica e demissão
No artigo, Musk afirma que a AfD é a única alternativa para “salvar a Alemanha”, mencionando que o país estaria à beira de um “colapso econômico e cultural”. A publicação causou desconforto interno no Die Welt. Kogel anunciou sua demissão publicamente, afirmando que não poderia continuar após ser forçada a publicar o texto.
O novo editor-chefe do periódico, Jan-Philipp Burgard, que assume o cargo em janeiro, respondeu diretamente às afirmações de Musk com um artigo crítico. Burgard chamou a declaração de Musk de “fatalmente errada” e alertou para as consequências de políticas defendidas pela AfD, como a saída da Alemanha da União Europeia e os planos de reimigração, considerados xenófobos.
Interferência eleitoral e impacto político
O momento da publicação, às vésperas das eleições parlamentares alemãs de fevereiro, levantou suspeitas de interferência no processo eleitoral. A AfD, que ocupa a segunda posição nas pesquisas, é conhecida por suas posições ultraconservadoras, incluindo a rejeição à imigração e à integração europeia.
Musk, que tem interesses comerciais significativos na Alemanha — como a fábrica da Tesla nos arredores de Berlim —, justificou sua entrada no debate político pelo impacto econômico de seus investimentos no país. Ele usou, ainda, argumentos controversos para defender o partido, mencionando que a líder da AfD, Alice Weidel, é casada com uma mulher do Sri Lanka, questionando como isso poderia ser associado a Adolf Hitler.
Repercussão internacional e editorial
A repercussão ultrapassou as fronteiras alemãs, com veículos de imprensa destacando o uso de retórica apocalíptica e polarizadora típica de Musk. A revista Der Spiegel descreveu o texto como um exemplo de “propaganda eleitoral” e criticou o bilionário por distorcer a realidade da situação política e econômica alemã.
O caso também reacendeu o debate sobre o papel de bilionários na política global. Musk já havia demonstrado inclinações similares ao apoiar Donald Trump nos EUA e participar de controvérsias envolvendo autoridades internacionais, como Alexandre de Moraes no Brasil.
Divisão no Die Welt e implicações futuras
A crise interna no Die Welt, considerado um dos principais jornais de qualidade da Alemanha, reflete o dilema enfrentado pela mídia ao lidar com figuras públicas polêmicas e suas agendas políticas. A decisão de publicar o artigo, mesmo sob protestos internos, demonstra os desafios de equilibrar liberdade editorial e responsabilidade social.
Com a aproximação das eleições, o episódio pode influenciar não apenas a imagem da AfD, mas também a credibilidade do Die Welt como veículo de informação imparcial. Resta saber se a polêmica terá um impacto duradouro na política alemã ou será lembrada como mais uma controvérsia envolvendo Elon Musk.
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