Wa: o cartel que movimenta US$ 80 bilhões

O que define uma área sob o controle de um cartel? Geralmente, a imagem que vem à mente é a de regiões empobrecidas exploradas por organizações criminosas, uma realidade frequentemente destacada nos noticiários internacionais. Essa narrativa é comum em lugares como Afeganistão e México. Entretanto, há casos menos conhecidos, como uma região relativamente desenvolvida que muitas vezes passa despercebida pela mídia global.

Conheça a história de Wa

Localizada em uma região montanhosa de Mianmar, próxima à fronteira com a China, o Estado de Wa abriga o povo Wa, uma comunidade étnica de aproximadamente um milhão de habitantes. Esse território se estende por uma área equivalente à dos Países Baixos e declarou independência efetiva de Mianmar em 1989. Atualmente, é administrado pelo Exército Estatal Unido Wa (UWSA, em inglês) sob um regime socialista de partido único, embora não seja reconhecido internacionalmente.

Desde o final dos anos 1980, o UWSA tem desempenhado um papel dominante no comércio de metanfetaminas no Sudeste Asiático, contribuindo para um mercado que movimenta cerca de US$ 80 bilhões anualmente, de acordo com estimativas da ONU.

O cartel começou com o cultivo de ópio, evoluiu para a produção de heroína e agora fabrica algumas das melhores metanfetaminas do mundo. Esse comércio ilícito é responsável por sustentar um exército mais numeroso do que o da Suécia, considerado bem equipado e munido de tecnologia avançada.

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“Assim como o Haiti foi construído sobre o açúcar e a Arábia Saudita sobre o petróleo, o Estado de Wa foi erguido sobre a heroína e a metanfetamina”, destaca Patrick Winn em seu livro “Narcotopia”, que ganhou destaque na revista Economist. “O UWSA não é apenas uma máfia escondida na selva; ele está, de fato, administrando uma nação.” Este estado vinculado ao narcotráfico possui seus próprios hospitais, escolas e rede elétrica, além de estradas mais bem pavimentadas do que muitas em Mianmar.