Em um mundo ainda abalado por conflitos como os que ocorrem na Ucrânia e em Gaza, o perigo de um confronto nuclear torna-se uma sombra cada vez mais presente. Em 2023, um investimento alarmante de R$ 15 mil por segundo foi direcionado para a modernização dos arsenais nucleares por nove países, acumulando um total impressionante de R$ 487 bilhões gastos em novos sistemas atômicos. Este cenário, segundo recentes relatórios, inclui várias ogivas mantidas em “alerta operacional máximo”, refletindo uma era de tensões crescentes que podem levar a um impasse nuclear global.
O Rompimento do Consenso e o Renascimento da Ameaça
Apesar de um acordo histórico em janeiro de 2022, onde potências como Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China declararam que “uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada”, a invasão da Ucrânia pela Rússia apenas um mês depois desfez qualquer ilusão de consenso sobre a contenção nuclear. Desde então, o panorama global tornou-se progressivamente mais perigoso. A modernização dos arsenais nucleares pelas potências, num ambiente onde a ostentação de capacidade militar se mistura com um sigilo cada vez mais denso, foi detalhada em um relatório do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri), lançando luz sobre uma realidade sombria.
A China, em particular, ampliou significativamente seu arsenal, passando de 410 para 500 ogivas em apenas um ano, superando o crescimento de outras nações como Índia e Coreia do Norte. Esta expansão pode ser vista como uma resposta à percepção de que seu arsenal anterior era inadequado frente às defesas antimísseis avançadas de Washington e Moscou. O presidente chinês, Xi Jinping, deixou claro em reuniões privadas que a força nuclear é essencial para manter o status da China como grande potência, refletindo uma política onde o medo e a ambição motivam um aumento nuclear que desafia a estabilidade global.
A Ostentação de Poder e a Falta de Transparência
As declarações de líderes globais apenas confirmam a escalada da retórica nuclear. O presidente russo Vladimir Putin ameaçou usar armas que poderiam “destruir a civilização”, enquanto manobras nucleares recentes perto da Bielorrússia sublinham esta ameaça. Paralelamente, a falta de transparência sobre os arsenais nucleares é alarmante. A Rússia suspendeu unilateralmente o Tratado sobre Redução de Armas Estratégicas (Novo Start) em fevereiro de 2023, limitando ainda mais o conhecimento global sobre suas capacidades nucleares.
A situação é agravada pela potencial reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, cuja política externa imprevisível e a insistência para que os aliados da OTAN assumam maior responsabilidade em sua própria defesa, sinalizam uma abordagem mais unilateral e potencialmente desestabilizadora à segurança global. Com os Estados Unidos respondendo por 80% do aumento nos gastos com armas nucleares em 2023, a narrativa de que mais países poderiam seguir o exemplo de desenvolver arsenais próprios por razões de segurança nacional é tanto uma realidade quanto uma provocação para mais nações entrarem na corrida armamentista nuclear.
Neste contexto de crescente militarização e tensões geopolíticas, o papel do Ocidente e sua abordagem às ameaças nucleares será decisivo. A manutenção de uma política de dissuasão robusta, enquanto busca-se evitar a escalada para um conflito aberto, deve ser uma prioridade, ao mesmo tempo que se trabalha para revitalizar tratados internacionais de armas e promover uma transparência que reduza as incertezas e a paranoia entre as nações.
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