O atual comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, virou notícia recentemente devido à aquisição de 300 quilos de lombo de bacalhau do porto por 30 mil reais para seu gabinete. No entanto, esse é apenas um exemplo das vultuosas despesas das Forças Armadas com alimentação. Documentos referentes a uma licitação do Grupamento de Apoio de Belém (GAP-BE), datada de 16 de abril de 2024, revelam a magnitude desses gastos.
Gestão Centralizada e Despesas Elevadas
A gestão administrativa da Força Aérea é centralizada em organizações militares chamadas “grupamentos de apoio” (GAPs), que atendem diversas unidades dentro de uma determinada região geográfica. No caso do GAP-BE, ele centraliza as necessidades de 12 organizações militares da FAB. Isso significa que os mais de R$ 70 milhões gastos em carnes, conforme documentos da licitação, são divididos entre essas 12 unidades. No entanto, mesmo considerando essa divisão, o gasto mensal por organização seria de aproximadamente R$ 486 mil.
Essa cifra astronômica levanta questões sobre a eficiência dos gastos públicos nas Forças Armadas. Em comparação, o governo federal recentemente reajustou o auxílio-alimentação dos servidores públicos federais para R$ 1.000 mensais, um benefício que abrange mais de 500 mil servidores e custa ao erário cerca de R$ 572 milhões por mês. A comparação entre os gastos com alimentação das Forças Armadas e o auxílio-alimentação dos servidores civis revela um cenário de extrema discrepância.
Comparação entre Gastos Militares e Civis
A análise dos custos de alimentação nas Forças Armadas evidencia um gasto significativamente mais alto em comparação ao auxílio-alimentação dos servidores civis. Considerando que as Forças Armadas não fornecem dados detalhados sobre suas despesas alimentares, estimamos que os 14 GAPs da Aeronáutica gastem juntos cerca de R$ 700 milhões anuais. Ao extrapolar essa despesa para todas as organizações militares, o valor total se torna colossal.
Por outro lado, se os militares recebessem um auxílio-alimentação de R$ 1.000 mensais, o custo anual seria de R$ 4,32 bilhões para os 350.000 militares ativos. Esse valor representa apenas 63% do que atualmente se gasta com o funcionalismo civil e muito menos do que os gastos estimados das Forças Armadas com alimentação. Ao aplicar o gasto estimado por organização militar da FAB ao Exército, com suas 1.407 unidades, o custo anual ultrapassa os R$ 8,4 bilhões.
Essa análise demonstra que a atual estrutura de administração de alimentação das Forças Armadas é significativamente mais onerosa do que um modelo baseado em auxílio-alimentação. A adoção de um sistema de auxílio-alimentação para os militares poderia resultar em uma economia substancial, reduzindo os gastos em até 63%.
A Necessidade de Reavaliação da Gestão de Recursos
O exemplo da licitação do GAP-BE é apenas a ponta do iceberg de um sistema de gastos militares que necessita de uma reavaliação urgente. A centralização das compras e a falta de transparência nos custos detalhados levantam preocupações sobre a eficiência e a responsabilidade na administração dos recursos públicos.
A implementação de um auxílio-alimentação, semelhante ao dos servidores civis, não só reduziria significativamente os custos, mas também simplificaria a gestão administrativa, permitindo um controle mais eficiente e transparente dos recursos. Além disso, essa mudança poderia liberar verbas para investimentos mais críticos nas Forças Armadas, como treinamento, equipamento e infraestrutura, áreas essenciais para a manutenção da segurança nacional.
Em resumo, a atual política de alimentação das Forças Armadas representa um gasto desnecessariamente alto para os cofres públicos. A adoção de um sistema de auxílio-alimentação poderia trazer economia e eficiência, ajustando os gastos militares a uma realidade mais sustentável e transparente. É imperativo que o governo avalie essa possibilidade, promovendo uma gestão mais responsável dos recursos destinados à defesa do país.
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