Em uma medida que promete agitar o cenário político de Israel, o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu decidiu levar adiante uma proposta legislativa que busca integrar os judeus ultraortodoxos ao serviço militar obrigatório. Esta decisão, anunciada para apresentação ao comitê ministerial na próxima quinta-feira, rompe com uma tradição que data da fundação do Estado de Israel em 1948, que isentava essa comunidade do serviço militar devido a suas práticas religiosas intensivas.
Reação e Resistência
A proposta de Netanyahu já enfrenta forte oposição dentro de sua própria coalizão, majoritariamente de direita, onde se destacam dois partidos ultraortodoxos, o Shas e o Judaísmo Unido da Torá. Esses grupos defendem a isenção como um pilar crucial para a preservação de suas tradições religiosas. A comunidade religiosa, que compreende cerca de 13% da população de Israel, já começou a expressar seu descontentamento em protestos, refletindo as profundas divisões que a questão suscita no país.
O argumento principal dos críticos da isenção é que ela cria uma disparidade de deveres cívicos, principalmente em tempos de conflito, como os enfrentados em operações contra o grupo Hamas, que Israel e grande parte da comunidade internacional classificam como uma organização terrorista. Essa desigualdade é vista não apenas como um problema social, mas também como um fardo econômico, uma vez que muitos homens ultraortodoxos permanecem fora da força de trabalho formal.
Implicações Sociais e Econômicas
A inclusão dos ultraortodoxos no serviço militar é vista pelo gabinete de Netanyahu como uma estratégia para reduzir as divisões sociais e promover maior integração dessa comunidade na sociedade e economia israelense. Economistas apontam que a isenção do serviço militar contribui para manter os ultraortodoxos marginalizados do mercado de trabalho, perpetuando ciclos de pobreza e dependência de auxílios governamentais.
O serviço militar em Israel é obrigatório para homens e mulheres aos 18 anos, com homens servindo por dois anos e meio e mulheres por dois anos. A exceção concedida aos ultraortodoxos desde a liderança de David Ben Gurion, o primeiro Primeiro-Ministro do país, tem suas raízes na importância dada à continuidade dos estudos religiosos. No entanto, a proposta de Netanyahu sugere um reequilíbrio de responsabilidades, visando uma maior equidade e contribuição mútua entre todos os setores da sociedade israelense.
Esta iniciativa legislativa, se aprovada, poderia significar uma mudança significativa na estrutura social e econômica de Israel, forçando uma reconciliação entre a tradição religiosa e as obrigações nacionais. Como as negociações avançam no Knesset, o parlamento israelense, os próximos passos de Netanyahu serão cruciais para determinar se a integração dos ultraortodoxos no serviço militar se tornará uma realidade ou se as pressões políticas internas farão com que a proposta seja reavaliada ou até mesmo abandonada.
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