Durante a Guerra das Falklands/Malvinas, em 1982, a presença de dois submarinos nucleares soviéticos na região do Atlântico Sul chamou a atenção de analistas militares e autoridades da OTAN. Conforme reportado pelo The New York Times, a União Soviética demonstrou interesse estratégico no conflito entre o Reino Unido e a Argentina, ampliando sua influência econômica e militar.
Motivação Econômica e Geopolítica
O envolvimento soviético tinha bases econômicas sólidas: Moscou comprava mais de 80% das exportações de grãos da Argentina e havia firmado um contrato para a aquisição de 100 mil toneladas de carne bovina anualmente. Além disso, fornecia urânio enriquecido para o programa nuclear argentino.
Essa parceria econômica era vista com preocupação por autoridades britânicas, especialmente diante da proibição do Mercado Comum Europeu às importações da Argentina. Acreditava-se que a União Soviética estaria disposta a apoiar indiretamente a Argentina, mesmo que isso significasse alinhar-se a um regime de direita, devido ao impacto estratégico que isso poderia ter contra o Reino Unido.
A Presença Militar
Os submarinos soviéticos, identificados como pertencentes à classe Echo II, foram desviados de missões regulares no Oceano Índico e ao sul do Cabo da Boa Esperança para patrulhar o Atlântico Sul. Esses submarinos movidos a energia nuclear tinham capacidade de transportar até 8 mísseis de cruzeiro SS-N-12 (P-500 Bazalt) e 20 torpedos.
Analistas da OTAN presumiam que a missão principal dos submarinos era localizar submarinos nucleares britânicos que patrulhavam a região, possivelmente repassando essas informações às forças argentinas. Além disso, satélites soviéticos teriam sido reposicionados para monitorar os movimentos da frota britânica em direção às Malvinas.
A presença do navio soviético Primorye, especializado em coleta de informações, também foi registrada enquanto seguia a frota britânica. Esse navio tinha a capacidade de interceptar e processar comunicações entre a frota e Londres.
A Posição Soviética
Inicialmente, a União Soviética manteve uma posição neutra no conflito, mas suas declarações posteriores atribuíram a disputa à recusa britânica em aceitar o processo de descolonização. Essa mudança de postura, juntamente com o interesse em acompanhar a eficácia da projeção de poder britânica, revelou o valor estratégico que Moscou via na situação.
A Guerra das Falklands/Malvinas foi um campo de observação não apenas para os EUA, mas também para a União Soviética, que analisava a capacidade do Reino Unido de operar em longa distância, em meio a uma crise.
A presença soviética no Atlântico Sul durante o conflito demonstra como a Guerra das Malvinas transcendeu questões regionais, tornando-se um palco para a disputa de poder entre as grandes potências da Guerra Fria. O envolvimento indireto da União Soviética destaca o impacto geopolítico do conflito, que serviu como um teste para estratégias e alianças globais.
FONTE: www.naval.com.br
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