Em uma operação audaciosa e secreta, a Força Aérea Brasileira (FAB) demonstrou sua capacidade de ação em situações críticas ao resgatar 71 funcionários da Techint, capturados pelo grupo terrorista Sendero Luminoso na floresta amazônica em 2003. Este episódio, que se manteve oculto por quase duas décadas, evidencia não só a competência dos militares brasileiros, mas também a importância da cooperação regional na segurança continental.
O Chamado do Peru e o Início da Operação
A operação, que ocorreu em 10 de junho de 2003, começou com um pedido de apoio emergencial do presidente peruano, Alejandro Toledo Manrique. Os reféns, que estavam trabalhando na construção de um gasoduto na região de Ayacucho, foram sequestrados pelos guerrilheiros que exigiam dinamite, armas e um resgate de US$ 200 mil. Em resposta à urgência da situação, a FAB preparou uma missão que utilizava a moderna aeronave Embraer R-99B, conhecida por sua capacidade de reconhecimento e tecnologia de ponta.
Na noite anterior ao resgate, uma equipe de oito militares embarcou na Base Aérea de Anápolis, desconhecendo o verdadeiro propósito da missão. Após um voo que incluiu reabastecimento, a aeronave chegou a Lima, no Peru, onde os oficiais da Força Aérea Peruana revelaram os detalhes do sequestro e a importância da operação que tinha pela frente.
Tecnologia em Ação: Rastreando os Reféns
A missão da FAB envolveu o rastreamento das transmissões de rádio dos guerrilheiros, que se tornaram essenciais para localizar os reféns. Com sistemas avançados como Radar de Abertura Sintética (SAR) e Scanner Hiperespectral (HSS), o R-99B foi capaz de mapear vastas áreas da floresta e capturar sinais de VHF. Em pouco tempo, os militares identificaram o local exato onde os reféns estavam sendo mantidos: um acampamento no lugarejo de Toccate.
Imediatamente, as coordenadas foram enviadas às tropas peruanas em terra, que eram encarregadas de executar a operação de resgate. A rapidez na identificação do local e a eficácia do uso da tecnologia foram cruciais para o sucesso da missão.
Libertação dos Reféns e Consequências da Missão
Confrontados com o cerco eminente, os guerrilheiros do Sendero Luminoso começaram a libertar os reféns um a um, nomeando-os por rádio. Sem disparar um único tiro, a operação resultou na libertação de todos os trabalhadores sequestrados. Os militantes, percebendo que haviam sido descobertos, fugiram para as trilhas da densa selva, enquanto a equipe da FAB e as forças peruanas comemoravam uma missão bem-sucedida.
Após a operação, a FAB recebeu elogios pela eficácia e rapidez com que agiu, demonstrando como suas capacidades de vigilância podem ser benéficas não apenas dentro das fronteiras brasileiras, mas em toda a região amazônica. O ministro da Defesa do Peru, Aurelio Loret de Mola, enfatizou a importância da ação conjunta e a ausência de violência na liber ação dos reféns.
Um Capítulo Mantido em Segredo
Embora a operação tenha sido um exemplo de sucesso na colaboração entre as forças armadas do Brasil e do Peru, a missão permanece envolta em sigilo. As autoridades dos dois países optaram por não divulgar detalhes, com versões apresentadas à imprensa que omitiram a participação fundamental da FAB. Essa escolha ressoa com a reputação das operações secretas, que muitas vezes podem ser subestimadas na esfera pública.
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