Facção que domina Rocinha já lucra mais com extorsão do que com comércio de drogas

Por meio da imposição da taxa semanal de R$150 para cada um dos 2.120 mototáxis na Rocinha, o tráfico consegue arrecadar R$318 mil, totalizando quase R$1,3 milhão por mês. A cooperativa de vans, composta por 60 veículos, deve desembolsar R$930 por semana por veículo, gerando uma receita de R$223.200 mensais para os criminosos.

Investigadores da Polícia Civil, ouvidos pelo GLOBO, estimam que os ganhos dos criminosos na favela atinjam até R$12 milhões por mês, sendo uma parte significativa proveniente de extorsões, superando a receita da venda de drogas. Além das cobranças ilegais, há relatos de que traficantes estão expandindo suas atividades para estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes, lojas de roupas, locais de festas e salões de beleza dentro da comunidade.

Qual o preço cobrado pela facção?

Os preços inflacionados, estabelecidos para cobrir as propinas exigidas, incluem um botijão de gás vendido por R$140 na Rocinha, em comparação com R$100 no Engenho Novo e R$110 para entrega em Ipanema. O sinal clandestino de TV a cabo, conhecido como “gatonet” e utilizado por 70% das residências, tem o custo de R$100 mensais por família. Os planos de internet mais acessíveis são comercializados por R$99. Apesar dos preços elevados, o temor de retaliações impede os moradores de buscar esses produtos fora da comunidade.

Devido ao receio de represálias, são feitas poucas denúncias. A estimativa dos investigadores indica que, das atividades ilegais, a venda de drogas representa no máximo 25% do faturamento mensal da quadrilha na Rocinha, que oscila entre R$10 milhões e R$12 milhões. Além das extorsões, o tráfico está envolvido em outras atividades, como o controle de locais de festas, negócios legais, como construção civil, e até mesmo a hospedagem de criminosos de outros estados na favela.

E quem está no comando?

A Rocinha está sob o controle de John Wallace da Silva Viana, conhecido como Johny Bravo, do Comando Vermelho. O avanço do tráfico reflete a diversificação econômica das organizações criminosas, competindo com o Estado pelo controle territorial e explorando uma variedade de negócios. As autoridades ressaltam a importância das denúncias para auxiliar nas investigações e na análise das atividades criminais.