Efeito Marcola? Uma eportagem especial da revista VEJA revelou que autoridades passaram a viver sob um reforçado esquema de segurança após receberem um alerta sobre um possível ataque em Brasília por parte do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Leia também
Facção rival do C.V. se aliou a traficantes do DF
A mudança no comportamento das autoridades ocorreu após a descoberta de que membros da chamada célula “Restrita” do PCC haviam chegado a Brasília no ano anterior e alugado uma casa. Esses indivíduos também realizaram pesquisas sobre residências oficiais e circularam pela cidade usando carros de aplicativos.
A célula “Restrita” é diretamente ligada ao líder Marcos Camacho, conhecido como Marcola, e ficou conhecida por executar tarefas mais delicadas sob suas ordens. Investigações indicaram que a missão atual desse grupo é retirar Marcola da Penitenciária Federal de Brasília, onde voltou a cumprir pena em janeiro de 2023. Uma das estratégias para viabilizar a fuga ou transferência de Marcola envolveria o sequestro de alguma autoridade.
A presença do grupo “Restrita” em Brasília, diretamente relacionada à presença de Marcola, promove uma mudança significativa na atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) na capital do país. Antes desse acontecimento, os criminosos no Distrito Federal não mantinham um vínculo direto com a liderança central da facção, não possuíam poder de decisão e não recebiam missões específicas. Em outras palavras, eram considerados “apenas” traficantes.
Conforme o Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) da Polícia Civil do Distrito Federal, os dados mais recentes revelam que, ao longo de 13 operações realizadas entre 2014 e 2022, 405 membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) foram presos, todos eles associados ao tráfico de drogas. Entre esses detidos, cerca de 150 membros da facção ainda cumprem pena no presídio distrital.
No Distrito Federal, o perfil do PCC destaca-se em relação a outros estados, pois a facção não exerce controle sobre o tráfico em nenhuma região e não representa a maior fatia das transações de drogas. Isso é evidenciado pela ausência da cobrança da “cebola”, um código utilizado pelo grupo para se referir a uma contribuição mensal normalmente exigida para se integrar à facção e obter certas vantagens. Assim, aqueles que desejam ingressar no PCC ficam “isentos” dessa obrigação financeira.
“Entendemos que temos conseguido controlar a célula do PCC no Distrito Federal. Eles não conseguiram se estabilizar. Realizamos investigações constantes e, quando observamos o crescimento da célula, deflagramos operações e efetuamos prisões”, afirma Leonardo de Castro Cardoso, diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor).
Do total de membros do PCC já presos em operações policiais no Distrito Federal, apenas cerca de 10% ocupavam algum cargo mais elevado dentro da facção. Nos casos em que havia integrantes em posições mais altas, eles não atuavam em Brasília – estavam apenas de passagem ou foragidos na capital.
Em anos anteriores, casas alugadas pelo PCC foram investigadas para verificar se estavam sendo utilizadas como uma espécie de base para a chegada de outros membros. Contudo, nessas situações, constatou-se que, na maioria dos casos, os aluguéis eram feitos para receber parentes que vinham fazer visitas.
Até então, o grupo criminoso que mais preocupava as autoridades era o “Comboio do Cão”, que dominava o tráfico no Distrito Federal e arredores. Com a chegada do grupo “Restrita” do PCC, no entanto, o panorama da criminalidade na capital sofreu alterações.
Quer saber tudo
o que está acontecendo?
Receba todas as notícias do Portal de Notícias no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.
Deixe o Seu Comentário