Desde que as forças militares da Rússia tomaram o Estado no Níger, as tonalidades da bandeira russa têm aparecido com regularidade nas ruas de diversas cidades do país. Esse fenômeno sinaliza de maneira evidente uma alteração nas preferências por parceiros internacionais em uma nação que, por um longo período, esteve sob a influência da França.
O ex-presidente Mohamed Bazoum mantinha uma estreita aliança com o Ocidente, mas a junta militar que assumiu o controle iniciou uma intensa disputa verbal com as potências ocidentais. Estas, por sua vez, lutam para manter sua influência não apenas no Níger, mas em várias nações africanas.
Esse cenário se desenrola em um momento em que a presença russa no continente está em ascensão, evidenciada pelo aumento de investimentos e apoio militar provenientes de Moscou. Além disso, observa-se a participação cada vez mais recorrente de mercenários do Grupo Wagner em conflitos locais.
Ainda que haja resistência por parte do bloco ocidental, especialmente os Estados Unidos, Moscou rejeita as alegações e insiste na ideia de que suas relações com o continente africano prezam pela “estabilidade, confiança e boa vontade”.
“Inalterado permanece nosso respeito pela soberania dos Estados africanos, suas tradições e valores, seu desejo de determinar independentemente seu próprio destino e construir livremente relacionamentos com parceiros”, escreveu Putin em um comunicado publicado em julho deste ano.
Presença Militar: Rússia vs EUA
Especialistas afirmam que a atuação de ambos os lados pode ser percebida principalmente em termos de envio de ajuda e presença militar e investimentos econômicos.
Segundo documentos obtidos pelo site The Intercept, em 2019 os Estados Unidos possuíam 29 bases localizadas em 15 países ou territórios do continente africano.
Outra potência com significativa presença é a França. O país europeu, que anteriormente exerceu colonização em regiões que hoje compreendem a Argélia, Senegal, Chade, Benin, Gabão, Tunísia, Níger, Congo, Camarões, Costa do Marfim e parte do Sudão, atualmente integrando o Mali, mantém bases estabelecidas no Djibouti, Gabão, Senegal e Costa do Marfim.
Tropas do Reino Unido também marcam sua presença em nações como Djibouti, Malawi, Nigéria, Serra Leoa, Somália e Quênia. No último país mencionado, o governo britânico opera um centro de treinamento permanente, onde são conduzidos exercícios militares anualmente.
“No caso específico dos Estados Unidos e da França, há um grande interesse em combater o terrorismo e a insurgência islâmica. Eles estão envolvidos em esforços para fornecer treinamento, apoio material e moral para os militares de diferentes países africanos”, explica Ebenezer Obadare.
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