No momento em que a Argentina foi às urnas no final do ano passado para eleger o novo presidente, Javier Milei, os analistas concordavam que quem quer que ganhasse as eleições no país enfrentaria um início de governo complicado.
Um mês após a posse de Javier Milei, a situação não parece tão desastrosa como muitos previam — é o que afirma o Bank of America.
Segundo os especialistas de Wall Street, Milei teve um início positivo como presidente, tomando medidas como um ajuste fiscal mais forte que o esperado, uma grande desvalorização da moeda, acumulando rapidamente reservas e fechando um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Os anúncios decisivos para corrigir o déficit fiscal e as contas externas estabilizaram a situação financeira — e isso explica o aumento maior que o esperado nos bonds”, disseram os analistas do BofA, liderados pelo estrategista de câmbio Sebastian Rondeau.
O governo de Milei definiu uma meta fiscal equilibrada, visando um ajuste de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2024, sendo 3% do PIB através de cortes de despesas e 2% através de medidas para aumentar as receitas.
Novos desafios pela frente
Embora Milei tenha superado as expectativas em seu primeiro mês na Casa Rosada, ele enfrenta diversos desafios pela frente.
De acordo com o BofA, embora o governo demonstre determinação, pelo menos 70% dos ajustes necessários dependem do Congresso.
Um dos maiores desafios identificados pelo banco para a nova gestão argentina é o ajuste fiscal, especialmente com os cortes nos subsídios à energia que começam em fevereiro.
Além disso, prevê-se uma recessão profunda no primeiro trimestre, com sinais de queda acentuada nos indicadores iniciais de consumo, o que impactará a receita do governo. No entanto, no segundo trimestre, uma colheita mais favorável deve contribuir para a sustentação da arrecadação, segundo a análise do Bank of America.
E não para por aí…
Quanto à desvalorização do peso argentino, combinada com a persistência de controles de capital, permitiu uma significativa acumulação de reservas cambiais, totalizando cerca de US$ 3 bilhões.
De acordo com o BofA, com a liberalização gradual do câmbio, a diferença entre a taxa oficial e a paralela deve reduzir para 20% após a entrada de recursos provenientes da safra.
A inflação continua sendo um desafio, embora haja alguns sinais positivos, conforme indicam os analistas. O índice de preços ao consumidor na Argentina aumentou 25,5% em dezembro em base mensal, encerrando 2023 com um aumento de 211%.
O banco atribui parte desse salto à correção pontual do preço relativo após a desvalorização e desregulamentação, mas destaca também um componente persistente de políticas expansionistas anteriores e indexação generalizada. Os analistas preveem que correções de preços relativos pendentes em setores como eletricidade, gás natural, combustíveis, transportes, saúde e educação terão impacto na inflação entre janeiro e abril.
Para o BofA, a proposta de desindexação enviada ao Congresso é uma condição necessária para um programa mais agressivo de desinflação, prevendo que a inflação atinja 210% neste ano na Argentina.
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