O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, recuou em sua posição contrária ao uso de câmeras corporais por policiais militares, admitindo que sua visão anterior sobre o tema estava equivocada. A mudança ocorreu após uma série de episódios recentes de violência policial, amplamente divulgados por imagens de câmeras de segurança e celulares. Tarcísio agora considera o equipamento essencial para proteger tanto a sociedade quanto os agentes de segurança e anunciou que o programa será ampliado.
Mudança de posicionamento
Durante sua campanha em 2022, Tarcísio criticou o uso das câmeras corporais, questionando sua eficácia na segurança pública. No início de 2024, ele reafirmou essa posição, mas evitou descontinuar os contratos existentes. Contudo, os recentes casos de abusos policiais registrados em vídeo levaram o governador a rever sua postura. Ele defendeu que as novas câmeras, com capacidade de ativação remota, só entrarão em operação após testes rigorosos.
“Hoje estou completamente convencido de que [as câmeras] são um instrumento de proteção”, afirmou. Ele também reconheceu que a sequência de ocorrências violentas reflete problemas estruturais na Polícia Militar e afirmou que fará uma reciclagem de 100% do efetivo policial.
Casos que impulsionaram a decisão
Os episódios que motivaram a mudança de discurso incluem:
- Um homem arremessado de uma ponte por um policial em São Paulo, em uma ação filmada e que gerou indignação nacional.
- A morte de um estudante de medicina durante abordagem, registrada por câmeras de segurança.
- Policiais agredindo uma mulher idosa e seu filho na garagem de casa, em Barueri, desobedecendo protocolos estabelecidos.
Esses casos evidenciam falhas no treinamento e na conduta policial, segundo o próprio governador. “Quando começamos a ver reiterados descumprimentos de procedimentos, fica claro que há transgressão disciplinar e falta de treinamento”, disse Tarcísio.
Impacto e críticas
A violência policial em São Paulo tem sido alvo de críticas de organizações de direitos humanos e da sociedade civil. Em março, durante a Operação Verão, na Baixada Santista, 56 pessoas morreram, e denúncias apontaram manipulação na condução de corpos para evitar perícia no local. O governador minimizou as acusações à época, mas o aumento na gravidade e frequência das ocorrências parece ter pressionado sua gestão a adotar medidas corretivas.
Tarcísio descartou mudanças no comando da Secretaria de Segurança Pública, mas enfatizou a necessidade de um trabalho interno para revisar protocolos e reeducar o efetivo. Ele também prometeu ampliar o uso da tecnologia para evitar novos episódios de abuso e melhorar a relação entre a polícia e a sociedade.
A mudança de postura é vista como um avanço por alguns setores, mas especialistas alertam que a solução para a violência policial vai além do uso de câmeras, exigindo reformas estruturais e maior transparência nas investigações de abusos.
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