Na última terça-feira (6), a cidade de Osasco, na Grande São Paulo, foi palco de um episódio trágico: o secretário-adjunto de Segurança Pública, Adilson Custódio Moreira, foi morto a tiros por um guarda civil municipal (GCM) durante uma reunião na prefeitura. O incidente, motivado por um suposto desequilíbrio emocional do agente, levantou questionamentos sobre o preparo psicológico e o uso de armas letais pelas guardas municipais.
O Crime: Alteração de Rotina Teria Gerado o Gatilho
Henrique Marival de Souza, o GCM responsável pelos disparos, estava na corporação desde 2015. Nos últimos meses, ele exercia funções administrativas, mas foi informado durante a reunião que voltaria ao patrulhamento de rua. Com essa mudança, seu horário de trabalho seria alterado, impactando sua rotina familiar.
Após ser informado da mudança, Marival questionou o secretário-adjunto, que já havia encerrado a reunião. Testemunhas relatam que o clima era tranquilo, até que Marival efetuou disparos contra Moreira e se trancou na sala.
Comandante da GCM: “Desequilíbrio Emocional”
O comandante da GCM de Osasco, Erivan Gomes, afirmou que o guarda passava por exames psicotécnicos regulares, exigidos por lei a cada dois anos. No entanto, ele destacou que Marival apresentou um momento de instabilidade emocional antes do crime.
“Ele disse: ‘Aqui só tem eu, o Moreira e o demônio’, num tom de voz alterado”, relatou o comandante, que tentou negociar a rendição do guarda antes da chegada do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gate).
Após cerca de duas horas trancado na sala, Marival se entregou e foi preso.
Uso de Armas por Guardas Municipais: Um Debate Necessário
O caso reacendeu o debate sobre o uso de armamentos letais por guardas civis municipais. Críticos apontam que a função original das GCMs é proteger patrimônios públicos e realizar policiamento preventivo, não confrontos armados.
Um levantamento do g1 revelou que o treinamento de guardas municipais no uso de armas de fogo é significativamente inferior ao da Polícia Militar. Em Osasco, os guardas passam por 144 horas de instrução em tiro defensivo, enquanto o curso da PM oferece 326 horas.
Impacto na Segurança Pública e na Sociedade
A morte do secretário-adjunto escancara a necessidade de reavaliar a formação e a saúde mental dos agentes de segurança pública. Em meio a mudanças organizacionais, os profissionais precisam lidar com pressões diárias e riscos constantes.
O comandante da GCM reforçou a importância do setor psicossocial da corporação, que conta com psicólogos e assistentes sociais. No entanto, tragédias como essa mostram que ainda há muito a ser feito para garantir o equilíbrio emocional dos agentes e evitar novas fatalidades.
A morte de Adilson Custódio Moreira levanta questões fundamentais sobre segurança pública, preparo psicológico e o uso de armas por guardas municipais. Para evitar novos episódios trágicos, é imprescindível que as corporações reforcem seus protocolos de saúde mental e intensifiquem o treinamento de seus agentes.
Em um cenário de insegurança crescente, a sociedade precisa confiar que aqueles que estão armados para protegê-la estão devidamente preparados — tanto técnica quanto emocionalmente.
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