O crime organizado no Brasil expandiu suas operações para além do tráfico de drogas, consolidando-se como um agente poderoso na exploração de mercados legais. Dados apresentados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) ao ministro da Economia, Fernando Haddad, revelam que, em 2022, o faturamento com atividades legais como tabaco, ouro, combustíveis e bebidas alcançou impressionantes R$ 146,8 bilhões. Este montante representa 14,7% do mercado nacional desses produtos.
Economia do Crime: Impactos no Mercado e na Arrecadação Fiscal
As facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, ampliaram suas atividades para setores economicamente estratégicos. O levantamento do FBSP detalha os valores movimentados por esses grupos em quatro setores principais:
- Tabaco e cigarro: R$ 10,3 bilhões.
- Ouro: R$ 18,2 bilhões.
- Bebidas: R$ 56,9 bilhões.
- Combustíveis e lubrificantes: R$ 61,4 bilhões.
Este fenômeno revela um desvio significativo de recursos que deveriam ser direcionados à economia formal e à arrecadação fiscal. Estima-se que cerca de 20% desse faturamento poderia ser revertido em impostos, o que equivale a mais de R$ 30 bilhões — verba suficiente para aliviar as contas públicas e financiar políticas sociais.
“Quando a gente fala de economia do crime, precisamos pensar em como diminuir o poder do crime organizado para fortalecer a economia formal”, declarou Renato Sérgio de Lima, presidente do FBSP. Ele também ressaltou a necessidade de integração entre inteligência financeira e policial para desarticular essas operações.
Segurança Pública e a Crise de Violência Policial em São Paulo
Enquanto o crime organizado diversifica suas fontes de renda, o Estado enfrenta desafios internos. Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) enfrenta pressões devido a uma onda de casos de abuso de autoridade e letalidade policial. Nos últimos 30 dias, 45 policiais militares foram afastados e dois foram presos. Os episódios, amplamente divulgados, expuseram falhas na gestão da segurança.
Apesar das críticas, Tarcísio reafirmou sua confiança no uso de câmeras corporais como instrumento de proteção da sociedade e dos policiais. Ele se comprometeu a ampliar o programa, mas descartou mudanças na Secretaria de Segurança Pública, comandada por Guilherme Derrite (PL).
O governador argumenta que o combate ao crime organizado depende de políticas integradas e do fortalecimento das instituições policiais. Enquanto isso, os desafios permanecem: combater o poder econômico das facções e recuperar a credibilidade das forças de segurança perante a população.
Uma Estratégia Necessária: Inteligência e Cooperação
Os números apresentados pelo FBSP são um alerta claro: o crime organizado não apenas domina o tráfico de drogas, mas também explora fragilidades no mercado formal. Para combater essa realidade, é imperativo fortalecer a inteligência financeira, como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), e aprimorar a colaboração entre as áreas de segurança pública e economia.
Somente por meio de uma atuação coordenada e eficiente será possível reduzir o poder das organizações criminosas, proteger os mercados legais e promover um ambiente mais seguro para todos os brasileiros.
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