O cenário global de tensões crescentes entre a Rússia e a União Europeia levou a Suécia a reforçar suas medidas de preparação para crises. Entre essas ações está a busca por mais terrenos para cemitérios que possam abrigar vítimas em um possível conflito armado. Essa iniciativa reflete as diretrizes da Agência Sueca de Contingências Civis (MSB) e das Forças Armadas, alinhando-se à nova postura do país dentro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Preparação estratégica para tempos incertos
A Suécia, que por quase dois séculos manteve uma política de neutralidade, passou a adotar uma postura mais ativa após a invasão russa à Ucrânia, em 2022. A adesão à Otan em fevereiro de 2024 reforçou o comprometimento do país com a segurança coletiva, mas também trouxe à tona a necessidade de estratégias de defesa civil.
Um dos destaques dessas ações é o planejamento para lidar com possíveis perdas humanas em grande escala. A Igreja da Suécia, em parceria com associações funerárias e autoridades locais, busca garantir terrenos suficientes para cemitérios emergenciais. Em Gotemburgo, segunda maior cidade sueca, a Associação Funerária está enfrentando o desafio de adquirir cerca de 4 hectares adicionais para atender à demanda projetada de 30 mil enterros emergenciais.
Essa medida segue a Lei Funerária da Suécia, que exige que as associações funerárias garantam espaço suficiente para enterrar até 5% da população de uma paróquia em caso de crise. Apesar disso, o processo burocrático e a escassez de terrenos em áreas urbanas complicam o cumprimento dessa meta em curto prazo.
O novo papel da Suécia na segurança europeia
A entrada da Suécia na Otan foi acompanhada de uma reavaliação das políticas de segurança nacional. Além dos esforços para expandir a capacidade funerária, a Agência Sueca de Contingências Civis lançou guias de preparação para a população, com instruções sobre como agir em tempos de guerra. Essa iniciativa é semelhante à adotada por outros países nórdicos, como Dinamarca e Noruega, e reflete a crescente preocupação com o papel estratégico do Mar Báltico na segurança regional.
O planejamento sueco também inclui medidas para proteger infraestruturas críticas, como energia, transporte e comunicação. A Igreja da Suécia, que historicamente desempenhou um papel central na gestão de crises, continua liderando os esforços para preparar a sociedade para cenários adversos.
Enquanto isso, a Rússia permanece como uma ameaça latente na região, especialmente após reforçar sua presença militar e demonstrar capacidades bélicas avançadas durante o conflito na Ucrânia. Esse contexto levou Estocolmo e Helsinque a abandonarem suas tradicionais políticas de neutralidade, apostando na integração à aliança militar ocidental como forma de dissuasão.
Um futuro de desafios e resiliência
A busca por terrenos para cemitérios é um reflexo do pragmatismo sueco diante das incertezas globais. Embora o país espere nunca precisar desses espaços, a preparação para o pior cenário é vista como uma medida de responsabilidade e resiliência.
Com a escalada de tensões no Mar Báltico e a proximidade com uma Rússia cada vez mais assertiva, a Suécia consolida seu papel como peça-chave na segurança europeia. Essa postura reforça a importância de uma sociedade preparada não apenas para resistir, mas também para se adaptar aos desafios de um mundo em transformação.
Quer saber tudo
o que está acontecendo?
Receba todas as notícias do Portal de Notícias no seu WhatsApp.
Entre em nosso grupo e fique bem informado.
Deixe o Seu Comentário